Os diversos tipos de inflamação da tireóide

O nome tireoidite indica a presença de inflamação ou infecção, tal como ocorre com apendicite (infecção do apêndice), sinusite (inflamação dos seios da face) e tantos outros.
Aqui cabe fazer uma distinção entre os dois vocábulos: a infecção pressupõe que haja um agente infeccioso seja bactéria, vírus, outros agentes patogênicos.
A palavra inflamação indica que o órgão ou tecido foi objeto de agressão física (torção do pé), química (substâncias ácidas, corrosivas) ou imunológica (anticorpos).
Neste caso o tecido ou órgão apresenta rubor, calor e dor, tríade sintomática muito conhecida dos médicos.
No caso da tireóide, a glândula pode ter inflamação, geralmente por agressão de anticorpos ou infecção por vírus (bastante comum) ou bactérias (relativamente rara).
Em todos estes casos a glândula, inicialmente, aumenta de tamanho, de forma abrupta e rápida ou lenta e progressivamente, passando o fenômeno a ser notado pelo paciente após semanas do início do processo patológico.
De uma forma didática dividimos as tireoidites em duas categorias principais:

1- Tireoidites por agressão imunológica que inclui a tireoidite de Hashimoto, e a tireoidite pós-parto.

2- Tireoidites por vírus, também conhecidas como tireoidite sub aguda, tireoidite de Quervain.

Formas raras com tireoidite supurativas (por bactérias) podem ser incluídas nesta divisão. A

Tireoidite sub aguda

É uma inflamação total ou focal da glândula tireóide causada por vírus, geralmente daqueles que, com freqüência, atacam as vias aéreas superiores. Portanto, os vários subtipos dos vírus da gripe (influenza), vírus da paroditite (caxumba), vírus chamados de Cox-Sackie e outros podem invadir a glândula tireóide, provindas das vias aéreas superiores.
Geralmente o paciente apresenta sintomas de grip com febrículas, dor de cabeça, moleza no corpo, cansaço extremo, coriza, tosse, enfim todos os sintomas de uma "gripe". Após 2-3 dias surge dor na face anterior do pescoço, logo abaixo do "pomo-de-Adão", aquela cartilagem que é prominente no sexo masculino, mas também visível na mulher.
A dor na tireóide se irradia para atrás das orelhas (mastóide).
Nota-se, também, que a tireóide esta aumentada de volume e se apresenta muito dolorosa ao toque. Gânglios linfáticos podem estar presentes em volta da tireóide. O médico logo pede exames, entre os quais o hemograma (glóbulos vermelhos e brancos).
Pode haver alterações sugestivas de agressão viral, mas o mais comum é o aumento de velocidade de sedimentação das hemácias (VHS). O laboratorista deixa o tubo com o sangue do paciente em uma estante e após uma hora verifica a velocidade com que os glóbulos vermelhos se sedimentam.
Na tireoidite sub aguda os glóbulos vermelhos têm velocidade de Fórmula-1, são ultra rápidos. Normalmente em uma hora a VHS apresenta valores de 10-15mm/h. Na tireoidite sub aguda chega a 65-85mm/h.
É um excelente método laboratorial para acompanhar a evolução em direção à cura do processo inflamatório. Por outro lado, a inflamação aguda pode destruir elementos da tireóide, chamados de folículos.
Estes folículos são como "favos de mel"; com a ruptura das paredes o "mel" chamado colóide escapa para a circulação e pode ser mensurado.
Devido à esta ruptura de folículos pode haver excesso de hormônios de tireóide na circulação ou seja hipertireoidismo, que dura algumas semanas. Alguns pacientes, a seguir, podem apresentar falta de função da tireóide, ou seja, hipotireoidismo.
A função da tireóide volta ao normal espontaneamente em 90% dos pacientes. Os outros 10% podem evoluir para tireoidite crônica e possivelmente hipotireoidismo definitivo.

Tratamento da fase aguda da tireoidite viral

Muitos médicos insistem em tratar os pacientes com produtos derivados da cortisona. Tais medicamentos dão alivio imediato aos sintomas, mas o difícil virá logo a seguir, isto é, o medicamento passa a ser necessário por longo período de tempo. A cada tentativa de "tirar a cortisona" os sintomas de dor na tireóide retornam.
O uso contínuo de cortisona por períodos longos tem muitas desvantagens (ganho de peso, rosto em lua cheia, acne, estrias abdominais). Diante do exposto muitos endocrinologistas têm optado por agentes inflamatórios que não têm relação com a cortisona.
Os resultados são ótimos e a suspensão do medicamento se faz sem maiores problemas. No caso de haver hipertireoidismo pode se empregar medicamentos chamados de beta-bloqueadores. É importante seguir o paciente por período longo, com exames periódicos no intuito de verificar a possibilidade de haver evolução para tireoidite crônica.
A tireoidite crônica ou tireoidite de Hashimoto Talvez seja a doença de tireóide mais freqüente com prevalência ao redor de 10 a 15% da população geral (15% em mulheres, 4% em homens), com tendência a aumentar em freqüência após os 50 anos, principalmente em mulheres. É uma doença autoimune -- o sistema imunitário rejeita a glândula como parte do corpo e "fabrica" anticorpos contra ela.
Este anticorpos inicialmente do tipo inflamatório, causam aumento do volume da glândula, produzem várias substâncias químicas que induzem inflamação e, aos poucos vão destruindo a glândula. A tireóide se torna, com o tempo, atrófica – muito reduzida.
O diagnóstico é realizado por níveis de anticorpos anti-tireóide elevados na circulação e sinais ecográficos bastante característicos. Como não podemos impedir a seqüência dos eventos de auto-agressão medicamos o paciente com L-Tiroxina.

Fonte: VEJA ONLINE - fev 2008

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